Lojista 422

43 Móbile Lojista 422 | Setembro 2025 | Ano XLIII dos varejistas identificaram aumento nas tentativas de fraude nos últimos 12 meses, especialmente em datas de grande movimentação como a Black Friday e outras datas comemorativas. TECNOLOGIA: ALIADA E RISCO A inteligência artificial tornou os golpes mais sofisticados, aumentando a capacidade dos fraudadores de simular comportamentos reais. Por outro lado, ela também sustenta sistemas de detecção em tempo real. Hoje, segundo o estudo da Adyen, 48% das empresas já utilizam IA para combater fraudes e 41% planejam ampliar investimentos até o fim de 2025. De acordo com dados da própria Visa, a companhia registrou 270% mais bloqueios de fraudes em 2024, após investir US$ 11 bilhões em tecnologia e segurança nos últimos cinco anos. O avanço de meios de pagamento instantâneos, como o Pix, também traz novos desafios. Em 2024, as transações saltaram 120,7% durante a Black Friday, movimentando R$ 130 bilhões em um único dia, segundo o Banco Central. Mais velocidade significa também mais vulnerabilidades, especialmente em plataformas sem preparo adequado. Brechas de sistema, instabilidade no checkout e falhas de integração viram porta de entrada para tentativas de golpe. IMPACTO DIRETO NO VAREJO MOVELEIRO Para o lojista de móveis, que lida com tíquetes médios elevados e prazos de entrega estendidos, a confiança do cliente é determinante. Uma falha de segurança pode comprometer não apenas uma venda, mas toda a relação de longo prazo. Estudos apontam que mais da metade dos consumidores evitam comprar novamente em empresas onde tiveram experiência negativa de segurança, e 8% desistem da compra já no primeiro incidente. A pesquisa Voz do Consumidor, da PwC, mostrou que para 90% dos entrevistados no Brasil e 83% na média global, a proteção de seus dados pessoais é um dos fatores mais importantes para que as empresas conquistem a sua confiança. A queda de confiança em um canal digital pode afetar também o fluxo de clientes nas lojas físicas, já que o consumidor busca consistência entre todos COMO REDUZIR RISCOS DE FRAUDE - Inclua segurança já na fase de desenvolvimento das plataformas (Shift Left). - Utilize ferramentas de AppSec com inteligência artificial para detectar vulnerabilidades. - Realize testes de penetração (pentests) com frequência. - Treine equipes de tecnologia em boas práticas de proteção. - Ofereça múltiplos métodos de autenticação, como biometria e duplo fator. - Invista em selos de confiança e certificações reconhecidas. - Oriente clientes a comprar apenas em canais oficiais e reconhecidos. os pontos de contato da marca. Além disso, fraudes em tíquetes altos podem gerar prejuízos difíceis de absorver sem um sistema de prevenção eficiente. CAMINHOS PARA PROTEÇÃO O CEO da Conviso – empresa brasileira especializada em segurança de aplicações (AppSec), Wagner Elias, destaca que medidas de proteção devem ser incorporadas desde o desenvolvimento dos sistemas, em vez de tratadas como camadas posteriores. Esse conceito é conhecido como Shift Left, quando a segurança é antecipada para o início do desenvolvimento, tornando-se parte natural do processo. Novas soluções como o AppSec AI Agent, lançado pela Conviso, mostram como a inteligência artificial pode apoiar desenvolvedores a identificar e corrigir falhas em tempo real, dentro do próprio ambiente de programação. Elias também recomenda práticas já consolidadas: testes frequentes, integração de ferramentas de defesa aos fluxos de tecnologia e treinamento contínuo das equipes são considerados pilares essenciais. No front do consumidor, práticas como autenticação em dois fatores, biometria e atenção a sites confiáveis ajudam a reduzir os riscos. Outro caminho é investir em selos de confiança e certificações reconhecidas, que fortalecem a percepção de segurança. Protocolos internacionais como o 3DS 2.0 (protocolo de autenticação que adiciona uma etapa extra de verificação nas compras online, aumentando a segurança do pagamento) e a PCI-DSS (conjunto de padrões internacionais que regulam como os dados de cartão de crédito devem ser armazenados e processados com segurança) já fazem parte da rotina de grandes varejistas, mas podem ser adaptados também a operações de médio porte. O objetivo é único: criar uma cultura em que segurança seja rotina, não exceção.

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