Lojista 420

11 Móbile Lojista 420 | Julho 2025 | Ano XLIII a economia local futura, sinalizando que a cautela deve se estender pelos próximos meses. Esse fator impacta diretamente o consumo de bens de maior valor agregado, como os móveis, cujo ciclo de compra costuma ser mais longo e depende de uma sensação maior de estabilidade financeira. No setor empresarial, a percepção também piorou. O Índice de Confiança Empresarial (ICE) recuou 1,7 ponto – a queda mais acentuada do ano – e o Índice de Expectativas Empresariais caiu para 90,8 pontos, refletindo menor otimismo com a demanda futura e intenção de contratações. O ICE consolida os índices de confiança da Indústria, Serviços, Comércio e Construção. Em junho, a retração mais forte veio de Serviços e Indústria de Transformação, com quedas de 1,2 e 2,1 pontos, respectivamente. Comércio e Construção registraram leve alta, de 0,6 e 0,7 ponto. Na média móvel trimestral, todos os setores seguem em trajetória de queda, com exceção do Comércio – que, apesar do avanço pontual, continua com o menor nível de confiança entre os quatro segmentos analisados. Isso sinaliza que a recuperação no varejo ainda é frágil e demanda atenção. Já o Índice de Confiança do Comércio (ICOM) apresentou leve alta de 0,6 ponto, puxado pelas expectativas, mas os indicadores de situação atual registraram queda, indicando desaceleração da demanda no mês. Em junho, o crescimento da confiança ocorreu em apenas dois dos seis principais segmentos do setor e foi concentrado no horizonte de curto prazo. O Índice de Situação Atual (ISA-COM) teve recuo de 2,8 pontos, para 90,6 pontos. O quesito que mede a avaliação sobre a situação atual dos negócios caiu 3,4 pontos, enquanto o indicador que avalia o volume de demanda atual recuou 2,2 pontos. Já o Índice de Expectativas (IE-COM) cresceu 4,0 pontos, para 88,5 pontos. “A trajetória da confiança nos próximos meses ainda não está clara. Pressões inflacionárias e juros altos podem limitar o ritmo de recuperação, apesar de um mercado de trabalho mais aquecido”, avalia o economista do FGV IBRE, Rodolpho Tobler. IMPACTO DIRETO NAS VENDAS DE MÓVEIS Com o segundo trimestre encerrado, o setor moveleiro volta a enfrentar sinais de desaquecimento. Após alta em março e estabilidade em abril, o volume de vendas do varejo de móveis e eletrodomésticos recuou 1,2% em maio, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE. No acumulado de 12 meses, o desempenho ainda é positivo, com crescimento de 4,3%, mas o resultado mensal sinaliza um ambiente mais volátil para o setor. A confiança do consumidor mais baixa impacta diretamente o varejo de móveis, já que o setor depende de um ambiente favorável ao crédito e da percepção de estabilidade da renda. A combinação entre inadimplência elevada, juros altos e menor ímpeto de compra cria um cenário desafiador para o segundo semestre. AMBIENTE MAIS INCERTO EXIGE RESPOSTAS RÁPIDAS Por outro lado, o Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) caiu 7,6 pontos em junho, atingindo o menor nível desde outubro de 2023. O recuo, segundo o FGV, foi influenciado pela menor tensão geopolítica e por sinais de moderação na inflação. Mesmo com a Selic mantida em patamar elevado, há uma percepção de maior previsibilidade no cenário econômico. Isso pode criar condições mais estáveis para o planejamento empresarial. “O alívio na incerteza traz fôlego, mas ainda é cedo para falar em retomada sustentada”, pondera Gouveia. Para o varejo de móveis, isso significa um ambiente mais propício à análise e reorganização estratégica. Em vez de grandes apostas, é o momento de concentrar esforços na compreensão do comportamento local do consumidor, na inteligência de dados e na oferta de um mix com maior valor percebido. A competitividade deve ser cada vez mais construída com base em eficiência. Com margens pressionadas e aumento nos custos operacionais, as lojas precisam fortalecer sua presença nos canais digitais, criar experiências de compra mais conectadas às expectativas do público e repensar políticas de crédito e parcelamento com responsabilidade. Nesse contexto, o varejo de móveis precisa adotar ações focadas em consumo local, com estoques planejados, produtos de maior valor percebido, e estratégias promocionais embasadas em dados reais. Treinamento da equipe, atuação nos canais digitais e políticas de crédito responsáveis tornam-se diferenciais para enfrentar um semestre que exigirá mais precisão e menos improviso.

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