Lojista 418

49 Móbile Lojista 418 | Maio 2025 | Ano XLIII Móbile Lojista | Como começou sua jornada profissional até chegar à representação comercial? Dora Tarabossi | Eu comecei a minha trajetória aos 14 anos na parte do comércio, como vendedora. E aos 17 anos, fui promotora da Walita e, em seguida, da Philips. Então eu venho da base, venho do ponto de venda, de ouvir o cliente e entender suas necessidades. Sempre gostei do contato com o consumidor final, de entender o que ele busca para sua casa. Algumas compradoras percebiam isso e me incentivaram a seguir na representação. Com o tempo, ganhei coragem para assumir uma carteira e não parei mais. Já estou há 14 anos nesse segmento e cada vez mais apaixonada pelo setor moveleiro. Eu realmente gosto de vender móveis. Lojista | Você atua em uma região com particularidades logísticas bastante desafiadoras. Como é representar marcas na região de Manaus? Que impactos a sazonalidade dos fretes e a dependência da navegação fluvial trazem para o seu dia a dia? Dora | A nossa região é bem complexa na parte logística e isso é um desafio para quem vende. Um pedido feito hoje para um cliente de Manaus pode demorar cerca de 30 dias para chegar, se for via contêiner. Se for fracionado, pode demorar ainda mais. Já para o interior, como Eirunepé, localizado no sudoeste do Amazonas, que só tem acesso fluvial com balsas que demoram cerca de 14 dias, o prazo pode chegar a 60 dias. Isso considerando o período de cheia. Na seca, a realidade é ainda mais complicada. Vender para nossa região é um grande desafio. Lojista | Com esse cenário, o relacionamento com o lojista também exige mais atenção. O que mudou nesse vínculo ao longo dos anos? Dora | O setor mudou muito, inclusive aqui na nossa região. Hoje é fundamental fazer a venda e o pós-venda. Acompanho o pedido, faço cotação, monitoro a logística e, muitas vezes, também apoio na parte financeira. Como tudo aqui demora, o boleto muitas vezes chega antes da mercadoria. Então preciso estar atenta e dar esse suporte, informando a fábrica e intermediando a situação com o cliente. Esse acompanhamento constante é parte do nosso trabalho. Lojista | E como a digitalização tem impactado a sua rotina de vendas? Dora | As vendas presenciais continuam, mas a digitalização cresceu bastante com a pandemia. Com clientes da capital consigo atuar presencialmente com mais frequência. Já no interior, nem sempre é possível visitar com frequência. Às vezes vou uma vez ao ano, então o contato on-line se tornou essencial. Muitas vendas são feitas pelo WhatsApp e outros meios digitais. Lojista | Sabemos que a maioria das decisões de compra de móveis no PDV parte das mulheres. Como essa percepção influencia seu trabalho como representante e o modo como você se conecta com lojistas e consumidores? Dora | Sim, o setor é dominado por homens, mas acredito que as mulheres também precisam ocupar mais espaço. Afinal, quem compra os móveis para casa geralmente é a mulher. Ela analisa mais, observa os detalhes do produto, verifica se atende à necessidade da casa. Já o homem tende a olhar mais o preço. Então, quando temos uma compradora mulher, a conversa flui com mais facilidade. É a mesma visão, o mesmo olhar analítico. Acredito que esse setor tem muito a ganhar com mais mulheres atuando. Lojista | Com esse olhar atento ao ponto de venda, quais diferenciais você entrega aos seus parceiros? Dora | A minha prontidão e disposição são os principais diferenciais. Gosto de estar presente, de ajudar no ponto de venda, se necessário até arrumar o produto na loja. Venho do PDV, então entendo essa realidade. Também passo para a compradora as percepções do consumidor final, que está buscando determinados produtos ou características. Isso ajuda muito o lojista. Além disso, estou sempre disponível – atendo sábado, domingo, feriado – e nunca deixo um cliente sem retorno. Acho que isso é respeito e compromisso com quem confia no meu trabalho. Lojista | E quanto ao cenário atual, como estão suas expectativas para 2025? Dora | A nossa região vive sempre com a incerteza da seca, como aconteceu no ano passado. Isso faz com que os clientes tentem se antecipar e abastecer seus estoques, mas ainda assim há preocupação com a reação da ponta em relação às vendas. O primeiro semestre de 2025 está abaixo do esperado, principalmente entre os clientes menores, que compram fracionado. Lojista | Para finalizar, qual sua visão sobre o futuro da representação comercial no mercado moveleiro? Dora | Eu acredito que a representação comercial não vai desaparecer, mas será cada vez mais exigente. Precisamos acompanhar as mudanças tecnológicas, que vieram para facilitar os processos, e ampliar nossos serviços junto aos lojistas. O futuro exige mais preparo, mais disponibilidade e mais proximidade com o cliente.

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