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23 MAIO 2023 Divulgação Poltrona Mole de Sergio Rodrigues CNC operado em sistemas CAD/CAM, uso de design paramétrico e outras abordagens formais e construtivas que comunicam um design com uma linguagem mais tecnológica, expressos no trabalho de designers como Jader de Almeida, Guto Requena, Guto Índio da Costa, etc. “Agora, mesmo no trabalho desses designers, podemos perceber uma linguagem visual que comunica uma certa manualidade em formas e acabamentos que parecem feitos a mão”, diz o designer. Tudo isso ainda não traduz o móvel brasileiro, pois é preciso avaliar o País continental que o Brasil é, com suas variações culturais significativas. Isso fica explícito na gastronomia, nas pai- sagens urbanas, no jeito de se morar, também no móvel. Ao desenvolver uma cadeira, um designer paulista terá uma abordagem diversa de um designer alagoano, por exem- plo. “Ambos vivem em realidades distintas e isso se expressa no seu design. Ambos são brasileiros, ambos expressam brasilidade nos seus designs, mas essa mesma brasilidade se apresenta na diversidade cultural que tanto caracteriza o nosso País e, principalmente, de forma incons- ciente, ou seja, um designer brasileiro expressará brasilidade de uma forma ou de outra”, pontua. ESTILO BRASILEIRO Desse modo, a brasilidade, como pode e é chamado esse estilo de design de móveis brasileiro, não tem uma defini- ção única devido às muitas formas de expressá-la. Nesse sentido, o designer parceiro da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), indica ter dois caminhos a seguir com base no público. “A expectativa de um estrangeiro sobre brasilidade é a mesma de um turista, ele quer ver o que é notório, consagrado e apreciará, provavelmen- te, aquilo que faz parte do seu imagi- nário de design brasileiro, que pode variar conforme o quanto ele conhece do nosso País”, aponta. Mesmo assim, a abordagem de brasilidade utilizada em móveis do tipo exportação costuma ter referências do modernismo brasileiro, da marcenaria artesanal brasileira com uso generoso de madeiras nobres e uma abordagem de cores e estampas mais tropical e alegre, afinal, trata-se de símbolos do Brasil reconhecíveis e de alguma forma esperados pelo mercado internacional. Por sua vez, a expectativa de um brasileiro sobre a brasilidade costuma ser mais sutil e empática, de acordo com Lociks, pois transita em um território mais complexo em termos de referências simbólicas e afetivas. “O design nesses casos não segue fórmulas, mas avaliar caso a caso, respeitando a diversidade de culturas do nosso País”, frisa. Como exemplo, um designer carioca pode fazer referências ao samba, um brasiliense pode tratar de Niemeyer, um cearense pode tratar de jangadas ao mar. Só que na visão dele tudo isso pode ficar em uma linha muito tênue entre verdade e clichê em projetos de design, especial- mente se são emuladas experiências que não fazem parte da realidade. “Temos que dar lugar de fala para quem é de direito e trazer a verdade da nossa realidade para cada projeto de design. Nesse sentido podemos expressar uma brasilidade profunda, real, diversificada e complexa como o nosso País”, aponta. DISTINÇÃO DO MOBILIÁRIO É famoso ememorável o design de móveis escandinavo com seuminimalismo e suas cores pasteis, não tanto o design britânico como combinação de influências internacionais históricas de estilos tradicio- nal e retrô. Odesign italiano é altamente renomado e o desenho dos móveis dos Estados Unidos possui sua singularidade. Para avaliar como a brasilidade nomobiliá- rio se discerne dos estilos de outros países, Lociks separa os perfis de designmais con- sagrados e mais populares (produzidos e consumidos emmaior escala). Ao falar de um design clássico brasileiro, já consagrado emmercados internacio- nais, a primeira coisa que Lociks destaca são algumas semelhanças do estilo com abordagens de design escandinavo do mid-century (meio século), especialmen- te em obras de designers como Sergio Rodrigues, Jorge Zalszupin e Joaquim Tenreiro, embaixadores da velha guarda do design e ainda bastante populares. “Oque nos diferencia nesse caso é uma abordagemde design que carrega referências e símbolos regionais, da nossa cultura, folclore e natureza, mas sempre de forma sutil e não caricata”, aborda o designer. A poltronaMole de Sergio Rodri- gues, por exemplo, temuma casualidade e hedonismo no sentar e relaxar que é brasileira, mas ele pondera que essa brasili- dade é apresentada de forma discreta e não necessariamente intencional.

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