Fornecedores 350
66 FORNECEDORES SOB MEDIDA 350 Entre os avanços concretos das COPs estão o Protocolo de Kyoto (1997), que introduziu metas de redução de emissões para países desenvolvidos, e o Acordo de Paris (2015), marco histórico em que as nações se comprometeram a limi- tar o aquecimento global a 1,5–2 °C. Esses instrumentos, mesmo com falhas, ajudaram a direcionar investimentos: em 2023, o mundo registrou US$ 1,8 trilhão aplicados em energias renováveis, eficiência energética e transporte limpo, um reflexo direto da pressão e coorde- nação iniciadas nesses espaços. A COP30, em Belém do Pará, terá um simbolismo único. Pela primeira vez, o encontro ocorre em um ter- ritório estratégico para o equilíbrio climático global: a Amazônia. O bioma concentra 10% da biodi- versidade mundial e desempenha papel essencial na regulação do clima e do ciclo das águas. Receber a conferência nesse contexto amplia a chance de transformar não ape- nas acordos no papel, mas também legados territoriais de preservação e desenvolvimento sustentável. É uma oportunidade de demonstrar ao mundo que é possível conciliar pro- teção ambiental com inclusão social e prosperidade econômica local. Cabe a nós, como anfitriões, explicar, educar e engajar a so- ciedade sobre a relevância desse evento. A COP é parte de um movimento coletivo para garantir COLUNA A COP não é um problema, ela é parte fundamental da solução BIRAMIRANDA Publicitário, especialista em ESG com cursos no United Nations System Staff College e na EDX - Solve - Mit (Massachu- setts Institute of Technology). Fundador e Líder de Estratégia na YPY Consulting - Consultoria em Sustentabilidade e Presidente da Associação de Assistência e Desenvolvimento Humano DaRua (Entidade dedicada a acolher pes- soas em situação de rua em SP). linkedin.com/in/biramiranda Por Bira Miranda É fundamental compreender que a COP não é um proble- ma, mas parte da solução. Apesar de imperfeitas e, muitas vezes, incapazes de atender a todas as urgências climáticas, as Confe- rências das Partes seguem sendo o único fórum global que reúne quase 200 países em torno de uma agenda comum, estabelecendo metas coletivas e garantindo algum nível de coordenação para mitigar a crise climática. Desde a criação da Convenção- -Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), em 1992, e a realização da primeira COP em 1995, foram impulsiona- das políticas domésticas de transi- ção energética, maior adoção de energias renováveis e mecanismos internacionais de cooperação cli- mática. Graças a essa mobilização, o crescimento das emissões globais desacelerou e a temperatura média global, embora já tenha aumen- tado cerca de 1,2 °C em relação ao período pré-industrial, está em trajetória menos grave do que a prevista há 30 anos. Relatórios do IPCC indicam que, sem essas inicia- tivas multilaterais, poderíamos hoje estar enfrentando projeções de aquecimento de 4–5 °C até o fim do século, cenário que representa- ria colapso em cadeias produtivas, deslocamento massivo de popula- ções e perdas econômicas na casa dos trilhões de dólares. a sobrevivência no único plane- ta que temos e transformar a Amazônia em um piloto global de sustentabilidade pode ser o maior legado que o Brasil deixará para as próximas gerações.
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