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27 JUNHO 2025 Ana Brum define o design autoral no contexto do mobiliário brasileiro com evidência no mercado internacional por duas vertentes: “o design autoral que é inusitado e aborda a multidiversidade de formas e materiais; e a qualidade construtiva/projetual e produtiva com ênfase nos acabamentos e excelência de matérias-primas combinadas”. Para ela, a identidade do design de um país, e principalmente no Brasil, a experimentação e a busca de materiais genuínos ou certos processos produ- tivos podem resgatar as raízes locais e seguir influenciando a originalidade do móvel brasileiro. “Estamos cada vez melhor representa- dos por um olhar dedicado e específico de designers com muito conhecimento e know-how por todo o país. Temos um histórico forte e bem-posicionado que atravessa décadas e é reconhecido internacionalmente por sua autentici- dade”, opina a designer e arquiteta Ka- talin Stammer, que possui um escritório com seu nome e é diretora da Escola Curitibana de Design. IDENTIDADE E ORIGINALIDADE A presença de variedade e abundância de materiais no Brasil é um campo perfeito para o design de mobiliário. As diferentes madeiras de diferentes regiões com cores, texturas e fragrân- cias colaboraram para essa construção. Atualmente, na visão de Katalin, a indústria do mobiliário vai muito além dessa característica, incorporando tecnologias associadas a metais, tecidos, acessórios e lançamentos de materiais nunca vistos. “Há a utilização de matérias-primas orgânicas que já começam a ser testadas no mobiliário, como o micélio, por exemplo”. É possível concluir que a escolha dos materiais é fundamental para a originalidade e a identidade do design brasileiro. Materiais diferenciados e técnicas muitas vezes ancestrais trazem autenticidade às peças, especialmente quando se trabalham com elementos que fazem parte da essência do Brasil. “Nossas madeiras nativas, amplamente apreciadas no mundo, são um exemplo claro disso”, afirma Marta Manente. Além delas, há matérias-primas únicas que só existem no Brasil e que tradu- zem a brasilidade. “Técnicas artesanais, como tramas indígenas e trabalhos ma- nuais, carregam saberes transmitidos de geração em geração, agregando valor cultural e afetivo ao design”, diz a designer. Outro ponto essencial que ela destaca é a paleta de cores inspirada na natureza brasileira. São tons vibrantes e contrastes que refletem a diversida- de do País. “Tudo isso faz com que o design brasileiro tenha uma identida- de própria, reconhecida e admirada globalmente”. Por falar em técnicas artesanais, elas seguem presentes no mobiliário autoral do Brasil atualmente, tendo uma combinação muito interessante com técnicas industriais de alta tecnologia, resultando em peças de grande valor agregado e identidade única. “As indústrias de móveis do Brasil estão entre as mais avançadas do mundo em termos de tecnologia, mas o grande diferencial do nosso design está na criatividade e na riqueza cultural do país, que permitem explorar novas pos- sibilidades de forma e materialidade”, considera Marta. Nos produtos que a designer cria, ela busca sempre unir essas duas frentes. “Trabalho com tramas manuais em cou- ro, corda náutica e outros materiais que agregam sofisticação e autenticidade às peças. Muitas dessas tramas são de- senvolvidas dentro de grandes indústrias – algumas commais de 100 ou até 200 funcionários –, onde, além da produção tecnológica, há setores especializados em acabamentos artesanais. Essa junção entre o industrial e o manual confere exclusividade aos móveis, tornando-os admirados tanto no Brasil quanto no exterior”, explica a designer. Katalin tambémobserva quemuitas pro- duções demobiliário autoral estão ligadas a processos semiartesanais. “Parte dessa demanda surge na customização do pedido feito pelo cliente e na necessidade desse segmento ematender esse perfil”, pontua. Para ela, o que internamente é chamado de “bossa”, assimcomo o ritmomusical único reconhecido inter- nacionalmente, também foi absorvido pelo design para representar uma forma leve e “dançante” domobiliário autoral brasileiro, que apesar de utilizar materiais considerados pesados tambémbrincam comamistura e diversão brasileira. “O designer brasileiro não coloca barreiras em ‘ser’. Ele abraça formas de fazer e rompe facilmente paradigmas”, frisa. Carlos Ben Poltrona Pietra do Studio Marta Manente

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