Fornecedores 347
30 FORNECEDORES SOB MEDIDA 347 CATÁSTROFE A fábrica da Decibal também não foi afetada estruturalmente pelas enchentes, embora tenha parado por 18 dias, mas viu o sofrimento de seus colaboradores além da população local. Nelson declara que teve funcionários que, além da casa, perderam também todo o terreno e itens pessoais. “Perderam as histórias deles, como fotos e outras coisas. O que mais me marcou foi que perderam vidas de colegas, vizinhos, familiares e muitas pessoas ainda não foram encontradas. O trauma disso ainda está dentro das pessoas, elas não conseguem botar um sorriso na cara. É muito triste vê-las abatidas e sofrendo por isso”, confessa. A Cubica Estofados abriu as portas para receber os moradores afetados em todas as três ocasiões. “Era um dos poucos lugares que ainda tinha internet e as pessoas poderiam ter comunicação com parentes. Em outros lugares não tinha luz, foi uma zona de guerra”, compara Evandro. Ele relata que todo mundo era acos- tumado com pequenas inundações. “Quando a água vinha, subia pouca diferença, historicamente. O que o pessoal fazia era pegar os móveis e colocar no segundo andar para se proteger”, conta. “O que aconteceu desta vez é que o pessoal subiu no segundo andar com os móveis, a água chegou no segundo andar. Eles foram para o telhado e a água estava passando o telhado. Aí ocorreram as mortes. Pegou muita gente desprevenida. Ter de subir em cima do telhado, a água ficar no joelho... Teve uma mulher que saiu da cidade de Bacharel e foi boiando por 20 km em cima da casa. Os familiares morreram todos. É impactante”, lamenta. Com 130 funcionários, a empresa ficou fechada 15 dias na primeira enchente, mais 15 dias na segunda e 30 dias na terceira. A queda de pon- tes prejudicou bastante a operação da empresa na logística. “Teve esse fator também que contribuiu para ficar mais tempo parado”. A ponte de Lajeado que leva a Arroio do Meio pela ERS-130, foi reconstruída após um ano com cinco metros mais alta que a anterior ao custo de R$ 14 milhões. Com mais de 50 mil veículos passando pela ponte por mês, deve- ria ter ficado pronta em seis meses, mas teve dois adiamentos devido ao clima. A Ozini Móveis fica localizada no bairro Jardim Cidade Alta, sem ter sido invadida pela água, mas teve 80% dos funcionários atingidos após a tragédia de 2024. Eles tiveram a casa alagada, perdendo móveis, ele- tros e pertences pessoais. “Usamos a estrutura da empresa para abrigar as famílias”, conta o diretor. Cerca de dez ficaram alojadas durante dois meses nos pátios da fábrica. Após esse período, tanto eles quanto o res- tante da cidade conseguiram ter uma leve normalidade em seus cotidianos. Uma normalidade completa não há de acontecer tão cedo, muito por conta da inoperância de órgãos públicos para com as cidades, afinal, muita sujeira e destruição ainda é vis- to no dia a dia em diversas regiões do estado gaúcho. “Somos muito gratos a toda a ajuda de voluntários, senão ainda estaríamos na mesma situação. O pessoal se mobilizou para limpar e pintar casas que não tiveram a estru- tura abalada, como na moradia dos meus pais”, agradece Patrick. ENCHENTES Thiago Rodrigo Nelson Civardi, fundador e sócio-diretor da Decibal, junto ao filho Noslen Civardi, diretor da empresa (à esquerda)
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