Fornecedores 347
15 MAIO 2025 mesmo que o PIB tenha crescido, a economia do Brasil está, em geral, difícil. No mercado moveleiro, quem consome plástico bolha é geralmen- te o fabricante do móvel planejado, é quem vende para uma classe A e B, e está produzindo e vendendo bem. Móveis seriados de classe C, D, E, estão sofrendo. Fornecedores | Vocês têm pers- pectiva de aumentar o número de plástico filme na indústria seriada? Pellenz | Fomos audaciosos na definição do nosso crescimento anual, e temos um planejamento para triplicar de tamanho até o ano 2030. E o crescimento vai se dar em vários mercados, embora saibamos que alguns mercados te- rão um teto de consumo, o grande foco é buscar mais share em outros mercados ainda não atendidos. É claro que automaticamente vamos crescer na indústria de móveis seriados também. Esse cresci- mento vem atrelado a uma série de demandas que já existem por produtos reciclados, e com certeza essa demanda vai acontecer na indústria moveleira também. Fornecedores | Há um projeto de norma que exige que as empre- sas tenham 30% de conteúdo reciclado nas suas embalagens. O que pensa a respeito? Pellenz | Deve sair uma legislação em um período de seis meses, que vai exigir que as marcas coloquem em suas embalagens 30% de con- teúdo reciclado, exceto em embala- gens primárias de alimentos. Com isso o mercado moveleiro vai sofrer bastante, porque a demanda vai fi- car maior que a oferta e não vai ter material suficiente. Se seguir o que já aconteceu em outros mercados, os preços de matéria-prima vão su- bir, a demanda por esses produtos vai aumentar e quem não tiver uma boa parceria com seu fornecedor, não vai ter acesso fácil ao material. Pellenz | A reciclagem funciona nas outras regiões da mesma forma que aqui no Sul, mas no Norte e Nordeste é menos estruturado. Nós temos clientes lá com grande volume de consumo e o interesse por embalagens mais sustentáveis existe. Aqui no Sul e Sudeste somos mais presentes e dentro do ramo moveleiro temos muitos clientes. Já em relação ao plástico bolha, por causa da logística mais cara, conse- guimos viabilizar projetos dentro da região Sul do Brasil. Fornecedores | Você observa que as empresas e consumidores pensam no quanto a falta de sustentabilidade na sociedade afeta a natureza e gera mudan- ças climáticas? Pellenz | Grande parte do pessoal se preocupa muito na conscienti- zação para gerar negócio. Eu acho que vai começar a acontecer por dois cenários. O primeiro vai ser a exigência do cliente, buscando mais produtos sustentáveis e o outro é por legislação, onde o governo vai exigir. Algumas iniciativas que o mercado já vem executando, por exemplo, é fazer o inventário de carbono. É um caminho natural. Acredito que daqui para frente, o consumidor estará mais consciente, as novas gerações valorizam muito a sustentabilidade. Fornecedores | Quando há crise na economia, o primeiro lugar que começa a retomar é sempre a embalagem, como vocês têm sentido isso? Pellenz | Isso de fato é verdade, geralmente somos um termômetro do mercado. Mas a dinâmica vem mudando, nesse exato momento, nós temos clientes do mercado moveleiro que estão muito bem, clientes do mercado moveleiro que não estão bem. Há clientes do mercado alimentício que estão super bem e clientes no mercado alimentício que não estão bem. E Fornecedores | E como seus clien- tes estão se posicionando quanto a isso? Pellenz | Teve um cliente nosso que levamos para mostrar todo o processo que é feito na fábrica para um produto voltar para ele. Tam- bém visitamos uma cooperativa de catadores e ficaram atônitos porque eles não enxergavam esse mer- cado. Quando a gente fala sobre plástico bolha, começa a perceber as marcas mais preocupadas. São marcas de móveis planejados que falam mais com seu consumidor, como Marel, Unicasa, Todeschini, Florense e Bontempo, e que come- çam a ter posicionamentos mais sustentáveis para com o cliente. Aí a nossa embalagem vem a calhar e nossos materiais são de conteúdo 100% reciclado, que literalmente já cumpriu o seu ciclo de vida e voltou para a cadeia. Fornecedores | O seu plástico bolha que vai para a casa das pessoas por essas empresas con- segue voltar para a Plastiweber? Pellenz | A gente poderia trazer de volta, mas hoje não acontece. A logística impossibilita esse retorno, pois o Brasil é um país com extensão continental. O descarte é sempre pró- ximo de onde um móvel é instalado. Por exemplo, um lojista que vai ins- talar três cozinhas ele vai gerar uma quantidade de material no interior de São Paulo. Como nossos fornecedo- res estão espalhados no Brasil inteiro, podemos receber sim alguma parte da embalagem. Quando falamos em reciclagem e logística reversa, o prin- cipal fator é reciclar o mesmo volume que foi vendido como embalagem. Nós temos, inclusive, muitos clientes do Nordeste que gostariam muito de fazer a logística reversa, mas a distância inviabiliza. Fornecedores | Então não teria como funcionar a reciclagem de produtos no Norte e Nordeste? Onde além do Rio Grande do Sul a empresa tem clientes?
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