É hora de repensar o negócio na marcenaria?

Para enfrentar desafios e expandir a empresa, o marceneiro precisa compreender o comportamento do cliente e investir em inovação

Publicado em 25 de fevereiro de 2019 | 14:19 |Por:

Ao longo do tempo, todo marceneiro enfrenta desafios e obstáculos para manter seu negócio rentável. Fatores econômicos, de mercado e relativos à própria gestão do empreendimento podem convencer o empresário a repensar o seu negócio a fim de alargar a participação em seu segmento de atuação ou reverter perdas no faturamento e na cartela de clientes. Apostar em inovação na marcenaria é ainda uma das rotas mais aconselhadas para reposicionar-se e se expandir no setor moveleiro.

Falar em inovação na marcenaria é falar de um processo que abrange muitos aspectos da fabricação sob medida. Não há dúvida de que esse trabalho estratégico passa pela produção da empresa, o que envolve a eficiência e a escolha certa de máquinas e tecnologias (e também sobre como pensar a automação na marcenaria). Também é possível introduzir no empreendimento um novo conceito de gestão para alavancar ideias inovadoras.

Entretanto, segundo a agente local de inovação do Sebrae-PR do setor moveleiro, Jéssica Marques de Oliveira, a chave para se repensar o negócio na marcenaria é observar o comportamento do cliente e compreender como operam os demais profissionais (especificadores) que participam de sua jornada de compra.

“O fator principal que faz com que os marceneiros repensem seu negócio é o comportamento do usuário, que não é mais como era antigamente. Essa mudança de comportamento – como o cliente repensa o espaço – faz com que as marcenarias tenham que se readequar. Hoje as pessoas não buscam as marcenarias só por indicação, pois há um livre acesso a este tipo de informação pelas das redes sociais. Marcenarias são também indicadas por arquitetos, designers, o que faz com que o marceneiro tenha que se reaproximar destes profissionais: os especificadores”, explica Jéssica.

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A chave para se repensar o negócio na marcenaria é observar o comportamento do cliente

A especialista do Sebrae aponta que as alterações nos imóveis – como, por exemplo, as moradias mais compactas – levam os clientes a buscarem novos tipos de mobílias. Assim os móveis híbridos, como berços que podem ser transformados em camas ou mesas, ou os produtos multifuncionais, são alternativas que contemplam a demanda por otimização dos espaços.

Outro ponto destacado é a agregação de valor. No setor marceneiro, isso se traduz em qualificação no atendimento, personalização, autenticidade do produto e relacionamento. Segundo Jéssica, móveis autorais e assinados, que promovam o diferencial competitivo por meio do design, são uma tendência e tornam necessária a aproximação do marceneiro junto a outros profissionais do ramo de móveis e decoração.

Especial: Marcenaria 4.0 e disruptividade

“O marceneiro tem que estar atento às novas tendências, principalmente nas feiras. Não apenas as regionais, mas as nacionais e também a internacionais como a de Milão. Além disso, é sempre bom ele analisar como os concorrentes estão trabalhando, fazer uma análise de benchmarking, e estar constantemente atento aos indicadores do seu negócio para detectar queda na produção e na receita (sinais de que o marceneiro precisa repensar o seu negócio)”, diz.

Um exemplo de inovação na marcenaria

No polo moveleiro de Arapongas (PR), algumas empresas estão reformulando seus negócios, dando exemplo de inovação na marcenaria e compondo um ambiente para convergir conceitos e ideias. A fábrica de estofados Eccenziale e a marcenaria Móveis Sasdelli planejam inaugurar em conjunto um ponto físico para atendimento comercial que funcionará como showroom e ponto de encontro entre as empresas produtoras, profissionais e clientes do setor moveleiro. São sócios da iniciativa o empresário William Marcelino e a designer Claudia Lens.

O projeto, com o nome de Leben Design-Concept, consiste em um espaço (ainda em construção) onde serão alocados os móveis sob medida, planejados e os sofás fabricados pelas empresas. Também terá um painel de referências visuais (mood board) contendo tendências em tecido, madeira, puxadores e demais objetos que possam servir de inspiração. Tudo estará à venda.

Parcerias e convergência de profissionais é uma forma de inovar na marcenaria

Anexado ao local haverá um café onde designers, arquitetos, engenheiros, empresários e clientes poderão se reunir para trabalharem em um modelo coworking ou assistirem a palestras e cursos. Serão promovidos ali exposições de arte e design, tudo com o intuito de convergir num mesmo ponto as oportunidades de negócios e criatividade na movelaria e decoração.

William Marcelino conta que o modelo de negócios foi criado há cerca de um ano e desde o princípio foi norteado por uma necessidade de convergência e de desenvolvimento da cultura do design no polo moveleiro de Arapongas.

“Havíamos sentado e criado o modelo de negócios onde havia uma marcenaria que fazia prototipagem para empresas e profissionais que ministrava cursos e trabalhava com o viés social, só que a ideia esfriou um pouco com a correria do dia a dia. Aí esse ano houveram transformações e voltamos a nossa busca por propósito. Então fizemos parceria com um engenheiro civil, uma arquiteta e um publicitário. A frente do projeto está eu como administrador e a Claudia como designer”, relata.

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